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Texto de Opinião - 22/10/2014 - Uma peça-Por Padre Renato José Rohr


Leia na íntegra o texto do Pároco da Igreja Católica de Crissiumal

Substituídos, trocados, colocados de escanteio, valorizados enquanto são úteis, ou pouco valorizados, descartados. As coisas têm utilidades enquanto produzem e são eficientes, afinal são objetos. Existem até peças de reposição.

 

Existem pessoas que são tratadas como se fossem peças no serviço, mão de obra, mas o pior é que algumas pessoas mesmas se tratam como se fossem peças, devido a sua função consumista não tem mais tempo para família, e a família vai se desconjuntando. Esposo e esposa que não tem mais tempo um para o outro, pais e filhos que não se encontram. É a família que vai sofrendo as consequências porque pessoas são tratadas como peças. É na mão de obra que os membros são tratados como peças, e quando não dão mais conta porque estão deprimidos são substituídas por outras como qualquer objeto que é substituído. Tudo isto leva a desintegrar a própria família por que a pessoa não serve mais e é tratada como peça descartada.

 

Quando se coloca o lucro acima da pessoa e da família, a tendência normal é a pessoa se sentir em segundo plano e chega o momento em que seu trabalho não é mais fruto do amor, mas, apenas um funcionalismo ou uma ocupação mecânica. Objetos ou peças podem ser substituídos, mas na família não existe reposição de pessoas. Vivemos numa sociedade do descartável. Não existem pessoas descartáveis.

 

Deus criou o ser humano não como uma coisa, mas, como filho confiou-lhe todas as coisas para ser seu colaborador na obra da criação, portanto não como coisa ou objeto no meio das demais criaturas. O homem não é máquina nem robô. Nem as máquinas se mantêm sem manutenção, sem um ajustamento ou energia. O ser humano necessita de descanso e de alimento divino, vida espiritual, vida de oração, caso contrário ele age sem sentido na vida, e a vida vai perdendo a graça. Na busca do ter, só trabalhando, a própria vida familiar se esvazia perdendo a graça. Ninguém se realiza só trabalhando.

 

Somos pessoas. É como pessoa que cada semelhante deve ser tratado. Muito mais que executores de funções somos seres humanos, filhos de Deus. É justo que o filho tenha tempo para se relacionar com os seus. É justo também que os filhos de Deus se relacionem com o criador. O ser humano não se realiza só no trabalho. Somos seres limitados. Não é só do trabalho nem só de pão que o homem vive, mas, é com Deus que o ser humano se completa. Não são as coisas que satisfazem. Quanto mais o homem se enche de coisas, mais vazio se sente de Deus. Frustrante se torna a vida de quem acha que se ganha a vida só trabalhando mecanicamente como se fosse uma máquina ou um robô.

 

Amigo leitor trabalhe com alegria, seja eficiente no seu trabalho, colabore com Deus na transformação do mundo. Reserve tempo para descanso, lazer, vida com a família, vida para Deus. Não seja uma máquina que trabalha sem parar, pois, de tanto trabalhar ela vai se esgotar e parar.

 

Crissiumal, 22/10/14 Pe Renato José Rohr,scj

Postado: Leila Ruver
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