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Vera Academia - 21/10/2016 - Coluna Vera Academia dia 21102016


A cabeça em tempos de crise

 

Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe, diz a sabedoria popular. Detestamos crises. Queremos a felicidade eterna. Temos uma tendência quase instintiva a esquecer que a vida é feita de ciclos. Que eles vão e voltam em um eterno retorno. A felicidade passa, mas tempos depois ressurge. Sendo assim, é efêmera e, por retornar sempre, também eterna.

 

Em geral, não temos muita elasticidade para aceitar e suportar momentos de crise. Quando estamos envolvidos em uma delas, seja amorosa, familiar, financeira, profissional, cada dia lembra uma eternidade. Por causa dessa percepção, ficamos ansiosos, irritados, depressivos. Mas sabemos que somente uma crise verdadeira e profunda é capaz de gerar mudanças relevantes. Precisamos dela algumas vezes na vida. E sabemos que toda crise verdadeira passa. Nenhuma se sustenta eternamente.

 

Um fator decisivo ao depararmos com uma crise é a forma como a concebemos e a sentimos. Quem tem baixo limiar de tolerância e tendência à ansiedade vai encará-la como interminável. Fica impaciente e pessimista. Outros, ao contrário, se alegram, pois concluem que, a cada dia, a crise se aproxima do fim.

 

Não importa se a crise foi gerada por nossos erros, pela situação externa ou pelo destino. Para enfrentá-la, podemos escolher, no mínimo entre duas posturas: sentir seu aprofundamento ou focar em sua passagem. A crise então será vivida como mal que muito dura ou nuvem passageira. Os mais sábios optarão por vivenciá-la conscientemente, pois sabem que, quanto mais forte é a chama, mais cedo ela se apagará. Quanto mais profundo o luto, mais rápido ele se dissipará. O que mais nos estressa na vida não é o fato concreto em si, mas a forma como interpretamos.

 

Fonte: Revista Saúde, nº 405

Postado: Leila Ruver
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